~* Livrai-me de todo mal, Amém. *~

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Amor amigo - Amanda Teles




  
Você está sempre ao meu lado e pela primeira vez não sei como lidar com isso. A verdade é que todas as vezes que eu agradeço pela sua amizade estou procurando uma forma de dizer o quanto gostaria de ficar com você. Acontece que eu tenho um passado cheio de marcas e um coração acostumado com a incerteza das aventuras. E você sabe disso, sabe com toda a discrição de quem não gostaria de saber. Só eu sei o quanto a proximidade nos afasta nessa hora.
Eu não sou mesmo a mulher que você espera pra casar e encher a tua casa de filhos. Eu sou aquela que te escuta todos os dias e te põe no colo todas as noites, aquela que faz qualquer sacrifício pra arrancar um sorriso teu em dias de dor, aquela que te acompanha nas noites de insônia e te acorda no melhor do sono.
Eu queria saber brincar de faz de conta, pra fazer de conta que eu sou exatamente aquilo que você deseja, mas não sei. Eu bebo, não vou a missa, vivo faltando a academia, falo palavrão e tenho o péssimo hábito de me comportar exatamente como aquelas mulheres com as quais você vive dizendo que jamais teria algo sério. Mas aqui no fundo eu tenho a certeza de que te agrado como nenhuma outra, porque não preciso fazer joguinho ou carinha de 0 km pra segurar um bom partido, porque não ando por ai pegando qualquer um só pra te mostrar o que você anda perdendo e porque enquanto você é cercado de garotinhas fúteis eu me cerco de livros pra depois te contar o que aprendi com eles.
Parece mentira, logo eu que tenho palavras pra tudo, não consigo uma única palavra que demonstre o quanto eu faria toda força do mundo pra que você me visse com outros olhos. É que você é diferente de todas as oportunidades que eu já tive, você não é errado, não tem problemas, não tem vícios, nem sequer consegue ser chato. Você tinha que ter um defeito... droga, só um. Você devia ser feio, ter uma cravada ou chulé. Mas você não tem nada pra me repelir e tem tudo que me rouba atenção.
Eu sei o que você pensa quando olha pra mim. Talvez se eu fosse mais comportada, falasse mais baixo e não chamasse tanta atenção. Talvez se eu bebesse um pouco menos, te desse menos trabalho e não fosse tão do agora. Talvez se eu não tivesse chegado tão perto, nem te tocado tão fundo, nem sido tão eu... talvez haveria alguma possibilidade.
Sabe, eu pensava que quando encontrasse o homem perfeito, depois de todas essas cicatrizes, eu não sofreria mais por amor, afinal ele só me faria bem. Mas foi um erro pensar assim, porque você me faz tão bem que eu não consigo ser boa o suficiente pra você e isso me faz sofrer tanto quanto eu sofri por aqueles que não eram bons o suficiente pra mim.
Eu não posso te dizer essas coisas e nem posso esperar você me querer. Não quero que sinta nenhum remorso por não atender as minhas expectativas quando na verdade eu que não atendo as suas. Mas eu continuarei perto de você, sentindo um soco no coração sempre que alguma folgada vem te cumprimentar com um beijinhom, te aconselhando sobre mil coisas que me convém e fazendo fofoca de todas as garotas que se aproximarem só pra eu ter certeza de que sou a única por perto.

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