~* Livrai-me de todo mal, Amém. *~

quinta-feira, 24 de maio de 2012

                                  

Eu tenho amor, hoje eu posso dizer isso de olhos fechados. Mas eu ainda tenho muitos problemas e, hoje, alguns deles são realmente sérios. Eu já vi gente que eu gosto ir embora, já fui embora de gente que me queria por perto, já voltei pra abraçar minha família, já chorei por não poder abraçar meu namorado, eu perdi amigos pro tempo e também, mais grave ainda, perdi amigos pra vida (amigos jovens, cheios dela ainda). Não gosto do meu emprego, não acho que fiz a faculdade certa, fico pairando numa linha sublime de expectativa concentrada de que um dia eu vou finalmente acordar de manhã achando que eu tenho o emprego mais legal do mundo. Eu me cobro felicidade todos os dias porque todos os dias eu vejo tanta tristeza real por aí e acho injusto com o mundo ser eu quem sempre está sofrendo de algum mal. "O seu mal é você mesma", ele sempre me diz baixinho em tom de quem está tomando conta de mim nas horas em que estou mais desprevenida. Mas a minha vontade é de arrancar as víceras dele pela boca por ele ousar não respeitar o meu espaço lírico, por ele nunca entender o que eu escrevo, por não se importar em entender e julgar que a solução é simplesmente não sofrer, é simplesmente não pensar, o que me irrita é ele achar que a solução é simples, é ele achar que a minha tristeza é só feia, é raza. Me irrita gente que não consegue enxergar além do óbvio da lágrima, gente que não consegue ver o lado bonito da dor (sem nada depressivo camuflado aqui). 

[Trecho de um texto de: Rani Ghazzaoui]